Tanques de Guerra Russos em Navio do Catar chegam no Brasil para Intervenção Militar, verdade ou boato?
Nas redes sociais e também em grupos de aplicativos de mensagem instantânea, surgiu a informação de que tanques de guerra russos em um navio do Catar estão a caminho do Brasil para uma intervenção militar.
No entanto, nem precisaria de tanto conhecimento para deduzir que a história não é verdadeira. Primeiramente, a Rússia está totalmente concentrada na guerra contra a Ucrânia, onde vem tendo consideráveis baixas desde o início do conflito, no dia 24 de fevereiro.
Desta maneira, o exército russo não colocaria os seus tanques em um navio, ainda mais no Catar, que está a milhares de quilômetros da Rússia, para trazer ao Brasil. Ainda mais para uma possível intervenção militar por aqui.
Afinidade entre Bolsonaro e Putin
Essa boataria surge muito também porque, dias antes da invasão da Rússia à Ucrânia, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, esteve em Moscou com o presidente Vladimir Putin.
Na oportunidade, Bolsonaro desejou ‘força ao povo russo’ durante a tensão contra a Ucrânia, que ainda não havia começa de fato, em termos de conflito. Mas, apesar dessa afinidade de Bolsonaro com Putin, não existe nenhum tanque deles vindo para o Brasil.
Além disso, o próprio governo russo também já parabenizou o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, outro que também sempre teve bons relacionamentos com o líder russo.
Inclusive, se os russos fossem mandar tanques para o Brasil, o fariam de avião e não de navio. Afinal de contas, até o navio chegar aqui, já teria virado o ano de 2024 para 2024 e Lula já teria assumido normalmente a posse no governo.
E o boato também aproveitou o nome do Catar, país que ficou em evidência durante um mês por causa da Copa do Mundo entre novembro em dezembro. Desta maneira, aproveitaram os diversos assuntos do momento para criar uma única fake news.
Intervenção militar é ilegal
Desde o dia 30 de outubro, quando aconteceu o segundo turno das eleições presidenciais, apoiadores do atual presidente não aceitaram a vitória do candidato adversário.
Assim, questionam o resultado das urnas, alegando que estas foram fraudadas e passaram a pedir intervenção militar.
Inclusive, nos primeiros dias após as eleições, eles paralisaram estradas, fecharam ruas exigiram essa intervenção em 72 horas, acreditando que se ‘resistissem’ durante este período, o atual presidente poderia pedir a intervenção.
No entanto, não existe nenhuma lei em que isso esteja previsto. Aliás, a intervenção militar e a simples defesa dela já é considerada crime de acordo com a Constituição Federal de 1988.
Isso foi criado justamente evitar novas ameaças ou tentativas de golpes militares no Brasil, que viveu sob a ditadura entre os anos de 1964 e 1985.
Após o final dos bloqueios de rodovias, os manifestantes que ainda acreditam na intervenção militar foram para frente dos quarteis em diversos lugares no Brasil, pedindo que os militares assuma o país.
No entanto, como é crime pedir intervenção militar, eles mudaram algumas faixas para ‘intervenção federal’, o que também não teria muito sentido.
Provavelmente, essa falsa notícia de que os russos estão enviando tanques ao Brasil em navios surgiu desse mesmo grupo que está aquartelado pelo país nas última semanas.
No entanto, em alguns lugares, já se mostra uma desmotivação e desmobilização do movimento.
Rússia vive crise militar
Agora, que também precisa ser ressaltado é que a Rússia vive uma grande crise militar.
Como citado acima, teve consideráveis baixas na Ucrânia, principalmente por conta do apoio da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) aos ucranianos, especialmente nesses últimos meses.
Então, a Rússia passou a ter dificuldades e até mesmo recuou após dominar algumas regiões da Ucrânia. Então, seria inimaginável que eles fossem usar os seus escassos recursos para mandar tanques de guerra ao Brasil de navio e ainda fazer uma intervenção militar.
Até porque, além da questão da distância já citada, também há a questão da logística.
Imaginemos que esses tanques chegasse no porto do Rio de Janeiro e, então, esses veículos blindados foram na estrada até Brasília, sem serem incomodados, para tomar o poder na capital federal e impedir a posse do novo presidente.
E o Catar, país-sede da última Copa do Mundo seria, um ‘cúmplice’ da Rússia na busca pela intervenção militar no Brasil.
Também vale lembrar que políticos e o filho do atual presidente também estiveram no Catar durante a Copa.
Quando se encontraram com os sheiks que comandam o país do Oriente Médio, questionado internacionalmente por conta da qualidade de trabalho dos funcionários nas construções dos estádios.
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