Napoleão Bonaparte: Ascensão na França
Estudar uma língua também é aprender a história e cultura de um povo. Por isso mesmo, é muito comum que pessoas que façam aulas de francês acabem aprendendo, em algum momento, sobre Napoleão Bonaparte.
Um dos homens mais importantes para a história da França, sua trajetória fascina muitas pessoas. Dos historiadores e amantes de história, passando por pessoas leigas, todos já ouviram falar sobre o general que se tornou imperador e sacudiu o continente europeu inteiro.
Como Napoleão Bonaparte tem uma longa, rica e detalhada história, hoje vamos abordar um período específico de sua vida: dos seus primeiros anos na ilha de Córsega até sua ascensão ao trono francês. Vamos lá?
Origem e primeiros anos
Napoleão nasceu na Córsega, uma pequena ilha mediterrânea que pertence até os dias atuais à França em 1769. Ele era o quarto filho do casal Carlo Maria di Bonaparte e Maria Letizia Ramolino, membros da pequena nobreza toscana.
Percebeu que os nomes de seus pais, incluindo o sobrenome “Bonaparte”, soam mais como italiano do que francês? O nome de batismo de Napoleão era escrito em grafia italiana, “Napoleone di Bonaparte”. Ele alteraria para “Napoleón Bonaparte” apenas em 1796, ao se casar pela primeira vez.
Isso aconteceu porque Napoleão nasceu em uma família de origem italiana e foi criado como tal, inclusive utilizando sotaque ao falar em francês. Por boa parte da sua vida, Napoleão se vangloriava de sua origem italiana, dizendo ser do povo que construiu um grande império e adorava ler sobre história romana. Isso seria determinante em sua trajetória militar.
Bonaparte tem a nacionalidade francês por uma questão geopolítica. A ilha da Córsega se tornou uma província francesa no ano de seu nascimento. Antes, ela fez parte da República de Gênova por mais de 500 anos. Desta forma, podemos dizer que, apesar de francês, Napoleão era etnicamente italiano.
Mudança para a França Continental
O pai de Napoleão foi um líder político corso que era contra o domínio francês. Afinal, ele era italiano e de origem nobre. No entanto, dada a sua influência na ilha, foi eleito representante da ilha na corte do rei Luís XVI com o objetivo de levar as demandas do povo ao monarca.
Na mesma época, Napoleão começou a estudar em um colégio militar, em 1777, na cidade de Brienne-le-Château. Foi só aos 10 anos que ele aprendeu a falar francês, embora já soubesse italiano e o dialeto corso.
Até o fim da vida, ele falou francês com sotaque italiano. O sotaque e o fato de ser corso era motivo de bullying entre seus colegas, o que fez Napoleão se tornar um aluno reservado e focado nos estudos.
O início da carreira militar de Napoleão Bonaparte
Seu gosto por matemática quase o fez largar a carreira militar, mas ele seguiu para a academia, tornando-se o primeiro corso oficial do exército francês, em 1785. Pouco tempo depois, eclodiu a Revolução Francesa, em 1789, e Napoleão ficou dividido: como patriota corso, ele era a favor dos revolucionários contra a monarquia. Por outro lado, ele dizia que abandonar o exército francês seria uma traição.
Nos primeiros meses da revolução, ele combateu justamente em sua terra natal, a Córsega, ao lado dos revolucionários. Quando parte de seus aliados decidiram romper com a revolução e lutar pela independência da Córsega, no entanto, ele continuou no exército revolucionário, e sua família teve que sair da ilha.
Além de liderar tropas, ele também organizou comitês políticos entre os habitantes da ilha, ganhando destaque e poder. Isso fez com que ele fosse promovido como comandante da artilharia republicana no Cerco de Toulon. A cidade era um importante centro naval e estava dominada por monarquistas e britânicos.
Graças à estratégia de Napoleão, a Batalha de Toulon foi vencida. Com apenas 24 anos de idade, ele foi promovido à General de Brigada e nomeado responsável por toda a artilharia do exército francês na Itália, na guerra contra os austríacos. Durante o ano que passou na península, ele foi responsável por liderar uma importante vitória contra os inimigos da revolução.
A Guerra Primeira Coalizão
A ascensão na carreira militar de Bonaparte aconteceu durante a Guerra da Primeira Coalizão (1793-1797), onde a França lutou contra as potências europeias que desejavam derrotar os revolucionários, restaurar a monarquia francesa e recuperar alguns territórios perdidos em conflitos anteriores.
Devido a intrigas políticas e sua recusa em aceitar um posto abaixo de sua patente, ele foi designado de volta para Paris. Por coincidência e sorte, isso foi bom para ele. Em outubro de 1795, monarquistas rebelaram-se contra o governo republicano. Paul Barras, um dos líderes da república o convocou para defender o Palácio de Tulherias, a sede do governo.
Sua rápida vitória garantiu que ele se tornasse um herói nacional, recuperando seu prestígio. Ele novamente foi designado para a guerra na Itália. Desta vez, como comandante de todo o exército francês na região, posto que ocupou por dois anos sem perder nenhuma batalha para o maior e melhor equipado exército austríaco.
Essas vitórias garantiram fama e fortuna a Napoleão, além de mais territórios e aliados para a França, que saiu vitoriosa da guerra. Além disso, ele ficou conhecido como uma espécie de “protetor da república”, já que era considerado seu principal comandante militar e com cada vez mais poder político.
Tamanha era sua influência na nova república, que Bonaparte criou um jornal para divulgar suas ideias e chegou a ordenar expurgos de simpatizantes da monarquia que estavam no governo e no exército.
A Guerra do Egito
A vitória francesa na Guerra da Primeira Coalizão garantiu paz aos revolucionários na Europa Continental. Todavia, a luta contra os britânicos continuava. Para tentar enfraquecer o Império Britânico, Napoleão organizou e chefiou uma expedição militar ao Egito, que durou 3 anos.
No caminho ele conquistou a ilha de Malta, e depois derrotou os exércitos otomanos no Egito. Porém, sofreu derrotas ao tentar conquistar a região do Levante, além de perder muitos soldados por doenças.
Mas a grande derrota seria da marinha francesa em uma batalha contra os britânicos, liderados pelo Almirante Nelson. Como consequência a expedição francesa teve que retornar para seu país.
A Guerra da Segunda Coalizão
Enquanto Napoleão ainda estava no Egito, começava mais um período de guerras na Europa. A Guerra da Segunda Coalizão (1798-1802) colocou de um lado a França e seus aliados contra os novos aliados britânicos.
A França estava em crise após perder derrotas na Europa. Além disso, a crise econômica era devastadora e o governo, chamado Diretório, era impopular e considerado corrupto. O retorno de Napoleão do Egito foi visto como um sinal de esperança para o povo.
Ele articulou com aliados políticos um golpe de estado que derrubou o Diretório em 1799, evento este que ficou conhecido como Golpe do 18 de Brumário. Esse era o nome de um dos meses do novo calendário francês, que pretendia substituir o tradicional calendário gregoriano.
Historicamente, esse evento marca o fim do período revolucionário na França, dando origem a uma nova fase, denominada Consulado.
O Consulado
Oficialmente, após o 18 de brumário a França seria governada por três cônsules: Napoleão Bonaparte, Emmanuel Joseph Sieyès e Roger Ducos. Contudo, Napoleão explorou sua popularidade para alterar a Constituição via um plebiscito. Com isso, gradualmente ele se tornou um ditador, acumulando poderes.
Com o poder estabelecido dentro da França, Napoleão organizou um novo exército no ano 1800 para combater as potências rivais. Em um movimento militar histórico, ele cruzou os alpes para enfrentar os austríacos, que ameaçavam invadir a França. Os austríacos capitularam em 1801, e a França venceu a Guerra da Segunda Coalizão no ano seguinte.
Napoleão Bonaparte, o Imperador dos Franceses
Com a paz novamente estabelecida na Europa, Napoleão virou sua atenção para a América. Tentou reconquistar o Haiti, que havia se tornado independente em 1791 após uma revolução, e vendeu o vasto território da Louisiana para os americanos.
Mesmo com o exército liderado pelo seu cunhado, Charles Leclerc, sendo derrotado na guerra contra os haitianos, Napoleão manteve seu prestígio. Contudo, sofria com conspirações e tentativas de assassinato de rivais e monarquistas.
Para consolidar ainda mais seu poder, ele foi eleito em 1801 o Imperador dos Franceses. O título foi escolhido pelo próprio Napoleão que queria transmitir uma ideia oposta ao título dos monarcas anteriores, “Rei da França”. Ele queria mostrar que havia sido escolhido pelo povo para ser seu protetor. A coroação aconteceu após um referendo no qual a maioria da população votou a favor.
O site mais atualizado de 2024! 
